Oficina clínico-literária sobre o desejo (simbólico)

R$200,00

Oficina com conteúdo prático e teórico sobre o desejo (simbólico), que utiliza a literatura como uma alternativa criativa entre as metodologias normativas demais, que restringem a liberdade, e as que são abertas demais e expõem a vida pessoal dos pacientes.

DATA
15 de dezembro de 2018

HORÁRIO
Das 9h às 13h.

LOCAL
UsinaDizer
Av. Rio Branco, 533. Sala 301.
Florianópolis/SC.

Fora de estoque

Categoria:

Descrição

EVENTO
Oficina clínico-literária sobre o desejo (simbólico).

DATA
15 de dezembro de 2018.

HORÁRIO
Das 9h às 13h.

LOCAL

Av. Rio Branco, 533. Sala 301.
Florianópolis/SC.

INVESTIMENTO
R$200.

OBJETIVO
Utilizar a literatura como uma alternativa criativa entre as metodologias normativas demais, que restringem a liberdade, e as que são abertas demais e expõem a vida pessoal dos pacientes.

PÚBLICO
Terapeutas, Clínicos e Analistas.

COORDENAÇÃO
Dra. Maria Leite Holthausen
Doutora em Literatura pela UFSC
Psicanalista
Grupo de Estudos em Arte Filosofia e Psicanálise
http://psicanaliselacaniana.blogspot.com/

FORMATO
Encontros de 4 horas, aos sábados pela manhã, uma vez por mês, de outubro de 2018 a fevereiro de 2019. Todos com inscrições independentes (não há necessidade de ter sido inscrito em um evento para participar de outro).

DINÂMICA
Trata-se de uma oficina de produção textual. A partir de um autor clássico, discutiremos a forma como seus significantes introduzem uma questão simbólica. Ela guiará nossa escrita, a qual será anonimamente compartilhada, de sorte que possamos, cada qual, ler o outro que se escreve em cada texto.

TEMÁTICA DO ENCONTRO
A vida imita a literatura? Ou a literatura imita a vida? Nesse encontro foram selecionados autores para desenvolvermos um importante exercício prático e teórico sobre o desejo (simbólico). A busca por aquilo que nos falta, o que não sabemos sobre a gente. O que nos move, do erotismo ao desejo.

Autores Visitados:
-Guimarães Rosa;
-Octavio Paz;
-Mozart;
-Jacques Lacan.

PROGRAMA E BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
GUIMARÃES ROSA E O FANTASMA NO AMOR.

“O nome de Diadorim, que eu tinha falado, permaneceu em mim. Me abracei com ele. Mel se sente é todo lambente — “Diadorim, meu amor…” Como era que eu podia dizer aquilo? Explico ao senhor: como se drede fosse para eu não ter vergonha maior, o pensamento dele que em mim escorreu figurava diferente, um Diadorim assim meio singular, por fantasma, apartado completo do viver comum, desmisturado de todos, de todas as outras pessoas — como quando a chuva entre-onde-os-campos. Um Diadorim só para mim. Tudo tem seus mistérios. Eu não sabia. Mas, com minha mente, eu abraçava com meu corpo aquele Diadorim-que não era de verdade. Não era? A ver que a gente não pode explicar essas coisas. Eu devia de ter principiado a pensar nele do jeito de que decerto cobra pensa: quando mais-olha para um passarinho pegar. Mas — de dentro de mim: uma serpente. Aquilo me transformava, me fazia crescer dum modo, que doía e prazia. Aquela hora, eu pudesse morrer, não me importava”.

ROSA, J. G. Grande Sertão. Veredas. 1956.

 

OCTÁVIO PAZ E A DUPLA CHAMA – do erotismo ao desejo.

“A relação da poesia com a linguagem é semelhante a do erotismo com a sexualidade. Também no poema – cristalização verbal – a linguagem se desvia de seu fim natural: a comunicação”.

PAZ, Octávio. A dupla chama do amor. 1994.

 

LACAN E O AMOR DESEJANTE  – o discurso das histéricas no século XIX.

“(…) embora o desejo pareça, com efeito, carregar consigo um certo montante de amor, trata-se muitas vezes de um amor que se apresenta à personalidade como conflituoso, de um amor que não se declara, que inclusive se recusa a se declarar.”

LACAN, O seminário, livro 6: o desejo e sua interpretação.

 

DON JUAN É UM SONHO FEMININO.

Là ci darem la mano,

Là mi dirai di sì.

Vedi, non è lontano;

Partiam, ben mio, da qui.

MOZART, W. Ópera Don Giovanni.

“Don Juan é um sonho feminino. O que seria preciso, em cada ocasião, é um homem que fosse perfeitamente igual a si mesmo, como a mulher pode, de certa maneira, se vangloriar de sê-lo em relação ao homem. Don Juan é um homem ao qual não faltaria nada. […] É quase banal sublinhar a relação de Don Juan com a imagem o pai enquanto não castrado. O que é talvez menos banal é marcar que esta é uma pura imagem feminina”.

LACAN.O Seminário: livro 20. Mais ainda.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DOS QUATRO ENCONTROS:

ANDRÉ, Green/Organ. A pulsão de Morte, São Paulo: Editora Escuta, 1988.

BARTHES, R. Fragmentos de um discurso amoroso. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

_____. A câmara clara. Trad. Manuele Torres. São Paulo. Edições 70. 2006.

DERRIDA, Jacques. Acts of literature. Jacques Derrida edited by Derek Attridge. New York. US: Routledge, 1992. P. 33-75

_____. A Escritura e a diferença. Trad. De Maria Beatriz Marques. Niza da Silva. 3ed. SP: Perspectiva, 2002.SP USP, 1967.

EAGLETON, Terry.O Nome do Pai: Sigmund Freud, in A ideologia da Estética.Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993

FREUD, Sigmund, Estudos sobre a Histeria, Vol.II, Obras Completas, Rio de Janeiro: Imago, 1980.

GUIMARÃES, LEDA, Gozos da Mulher, e-book

HILST, Hilda. Do desejo. São Paulo. Globo. 2004.

HUBERMAN, G. O que vemos, o que nos olha. 2ª ed. São Paulo: Editora 34, 2010

KEHL, Maria Rita, Deslocamentos do Feminino, São Paulo, SP: Boitempo, 2016

KUNDERA, Milan. Risíveis amores. SP, Cia das Letras, 2012.

LACAN, Jacques, A Significação do Falo, Escritos, Rio de Janeiro: Zahar, 1998

_____, O seminário, livro 6: o desejo e sua interpretação. Tradução de Claudia Berliner. Rio de Janeiro: Zahar, 2016..

_____. O seminário. Livro 20 Mais, Ainda, Rio de Janeiro: Zahar Editores S.A, 1982.

——. , O aturdito, Outros Escritos, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.

LISPECTOR, Clarice. Água Viva. Nova Fronteira. 1980.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Signes. Paris, Gallimard. 1964.

_____Le visible et l’invisible. 1964, p. 183

NERI, Regina, A psicanálise e o feminino: um horizonte da modernidade- Novas configurações da diferença sexual. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2005.

PAZ, Octávio. A dupla chama do amor. Trad. Wladyr Dupont. São Paulo. Siciliano. 1994

PONTALIS, J.B., MANGO, Edmundo Gómes, Freud com os escritores,

ROSA, J. G. Ficção completa em dois volumes. São Paulo: Nova Aguilar, 2009. 2009, p. 189-190).

SOLER, C. O que Lacan dizia das mulheres. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

SARTRE, J-P. Entre quatro paredes. Trad. Alcione Araújo e Pedro Hussak. 4ed. RJ, Civilização Brasileira, 2008TOLSTÓI, Liev,  Anna Kariênina,  Ed. Cosac Naify

ZIZEK. Slavoj. O amor impiedoso: sobre a crença. Trad. Lucas Melo Carvalho Riberio. São Paulo. Autêntica. 2012