(O) Curso Livre (da) Formação: Discursos e Dizeres da Clínica Psicanalítica

Sobre o curso

(O) Curso Livre (da) Formação, aqui proposto, consiste numa série de encontros mensais em formato híbrido (simultaneamente virtual e presencial), de 7 horas cada, distribuídas nas sextas à noite e sábados pela manhã, nos quais, a partir da experiência clínica de reconhecidos profissionais em psicanálise, serão discutidos os principais conceitos clínicos vigentes nas práticas de escuta analítica e de construção de casos clínicos. No total, serão 24 módulos, perfazendo um total de 168 horas.

Apresentação

Três são os elementos fundamentais que compõem a trajetória de formação em psicanálise: análise, teoria e supervisão. A primeira é a mais importante e única estritamente singular, em que, a partir da escolha do analista e de sua desconstrução, alcançamos o “lugar do analista”. Não se trata de um lugar de saber, mas de uma habilidade para escutar, que sempre exige a desconstrução da própria escuta, do que nela pudesse haver de normativo. Em psicanálise, a teoria está a serviço da desconstrução da norma. O que sempre exigirá a supervisão, a crítica acerca dos limites éticos da prática, levando o analista a se perguntar “em favor de quem opera minha escuta: de uma escola ou de um dizer singular?”

Objetivo

Ao final do curso, os participantes estarão aptos ao reconhecimento das principais configurações conceituais relativas às práticas de escuta analítica e de construção de casos clínicos de orientação psicanalítica.

Dinâmica

A atividade consiste numa formação clínica, na qual profissionais convidados na condição de analistas docentes irão debater com os participantes os discursos e dizeres que compõem “(O) Curso Livre (da) Formação” clínica dos psicanalistas.
A sequência dos módulos foi minuciosamente definida pela coordenação para que os participantes tenham 100% de aproveitamento do curso. A atividade disponibiliza a inscrição individual dos módulos (assim como desconto especial para estudantes) a ser encontrada em nosso site.
Não é exigida formação por parte do participante. O curso emite certificado após a participação de, no mínimo, 18 módulos.

Coordenação

Dra. Maria Holthausen
Psicanalista, Historiadora, Doutora em Literatura.

Conteúdo programático completo

Primeiro Módulo
A arte da escuta:
Diferentes modos de operar a prática clínica

Data: 11 e 12 de fevereiro 2022

Ementa: O que significa “clínica” para a psicanálise? Uma forma de responder a essa questão é por meio do recurso etimológico, que distingue entre, pelo menos, três modos distintos de se formular a noção de clínica. O primeiro corresponde à prática dogmática de aplicação de um saber (ou Pharmacon), como é o caso da clínica médica (Klinikós) e de todos os discursos científicos, pensados a partir de Hipócrates. Num segundo sentido, a noção de clínica corresponde às práticas de sugestão alavancadas por metas ou ideias, como costuma acontecer nas terapias, tal como estas foram originalmente concebidas por Alexandre de Filón, no século I d.C. e ampliadas, no século XX, com a incorporação de narrativas psicológicas. Ambos os sentidos se distinguem de um terceiro, ao qual o próprio Freud recorre e que tem que ver com o estilo crítico dos cínicos gregos que, ao operarem a parresia (ou dito verdadeiro sobre aquilo que se oculta na vida civilizada), provocam um desvio (parênklises) na forma como a cidade vê a si própria, apontando para a presença daquilo que, no século I a.C., o epicurista Lucrécio denominará de elemento desviante (clinamen).

Bibliografia:
FREUD, Sigmund, Sobre a Psicoterapia, 1905, Fundamentos da Clínica Psicanalítica, Obras Incompletas de Sigmund Freud, Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
JORGE, Marco Antonio Coutinho, Fundamentos da Psicanálise de Freud a Lacan – A prática analítica, Vol.3, Ed. Zahar, 2017.
MÜLLER, Marcos José. Outros num casamento: ensaio literário em filosofia, psicanálise e gestalt. Florianópolis, Usinadizer, 2019.
MÜLLER-GRANZOTTO, M.J. & R. L. Clínicas Gestálticas. O sentido ético, político e antropológico da teoria do self. São Paulo, Summus, 2012.

 

Segundo Módulo:
A ética da psicanálise em sua vertente clínica

Data: 11 e 12 de março de 2022

Ementa: A ética da psicanálise é a ética do bem dizer, ou seja, é a palavra que produz um efeito operatório no tratamento. Por isso mesmo, espera-se que o analista abdique do poder que lhe é conferido pela transferência, haja vista, que sua posição ética diz respeito ao desejo do analista e não a profissão de analista. Em seu texto Direção do Tratamento, Lacan propõe que lá, onde o analista poderia comparecer com seu poder, ele tem que faltar, o que não quer dizer paradoxalmente que não seja ele que conduz o tratamento, mas que a sua arma não é o poder e sim o manejo da transferência e a interpretação. Lá onde se poderia esperar um condutor, o mentor analista, encontramos uma prática da falta baseada no desejo do analista, que é um desejo marcado pelo não saber.

Bibliografia:
LACAN, Jacques, A direção do Tratamento e os princípios de seu poder, Escritos, Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
_______________, Observação sobre o informe de Daniel Lagache: “Psicanálise e estrutura da personalidade”, Escritos, Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
_______________, O Seminário, livro 7, a ética da psicanálise, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1988.

 

Terceiro Módulo
O Inconsciente:
Sonho e a Ficção Metapsicológica

Data: 08 e 09 de abril de 2022

Ementa: Na “ciência do sonho” – se tomarmos emprestada de Lacan a tradução que ele deu à obra Traumdeutung -, Freud nos faz entender que o inconsciente não é apenas um adjetivo para qualificar as representações enigmáticas, instituídas no limiar entre o mental e o somático, e às quais denominou de pulsões. Tal como o revelam os sonhos, uma vez recalcadas, as pulsões sobrevivem como uma dimensão simbólica, cuja característica fundamental é a capacidade para se articularem sem o consórcio de nenhuma instância mental, como se operassem enquanto uma instância autônoma: eis aqui o inconsciente como substantivo, como sistema de sobredeterminação simbólica daquilo que resultou do recalque das pulsões. Não se trata de uma ecologia, mas de uma sorte de linguagem que se diz qual ficção e cuja expressão paradigmática é o sonho.

Bibliografia
FREUD, Sigmund. ESB. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud Rio, Ed. Imago, 1970-1977.
________________, v. I, (1895-1950), Projeto para uma psicologia científica [1977]
________________, v. III, (1898), O mecanismo psíquico do esquecimento, [1976]
________________, vs. IV e V, (1900), A interpretação de sonhos, [1972a]
________________, v. VII, (1905), Três ensaios sobre a sexualidade, [1972b]
________________, v. XI, (1910), Cinco lições de psicanálise, [1970]
________________, v. XIV, (1914) Sobre o narcisismo [1974b]
________________, v. XIV, (1915a), Repressão, [1974c]
________________, v. XIV, (1915b), O inconsciente [1974d]
________________, v. XIV, (1917), Suplemento metapsicológico à teoria dos sonhos, [1974e]
________________, v. XVIII, (1920) Além do princípio de prazer, [1976d]
_______________, v. XVIII, (1923a) A psicanálise, [1976e]
_______________, v. XVIII, (1923b), A teoria da libido, [1976f]
_______________, v. XXII, (1933), Novas conferências introdutórias sobre psicanálise, [1976g]
MÜLLER, Marcos José. Angústia no sonho: repetição simbólica do recalcado ou alteridade ontológica? Veritas. Porto Alegre, v. 66 n1, p. 1-17 jan-dez. 2021

 

Quarto Módulo:
Lacan e o Estruturalismo: o inconsciente como se uma linguagem

Data: 13 e 14 de maio 2022

Ementa: Se repete, muitas vezes ritornelicamente, que o inconsciente é, como Lacan preconiza, estruturado como uma linguagem. O que se esquece, contudo, é de nos dizerem que linguagem é essa – já que é uma e não a – e quais são, mesmo, seus efeitos sobre um psiquismo que, eis a questão, seria feito de palavras? Se significantes? De significados? De signos? De letras? E a função do analista, diante dessa linguagem, seria de decifrador? De intérprete? De leitor? Ou de escriba? São essas questões que percorreremos sempre tendo como ponto de mira (o) CURSO (da) FORMAÇÃO.

Bibliografia:
SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 1989.
LACAN, Jacques. O Ato Psicanalítico. Porto Alegre: APOA, 2012.
ALLOUCH, Jean. Letra e Letra. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2000.

 

Quinto Módulo:

As pulsões e a segunda tópica

Data: 10 e 11 de junho de 2022

Ementa: A segunda tópica surge em 1920, a partir do texto Além do Princípio do Prazer, quando Freud desenvolve a noção de pulsão de morte (Thânatos) e pulsão de vida (Eros). A partir deste momento, ocorre uma profunda modificação na teoria das pulsões. Se, até então, Freud compreendia que o conflito psíquico era gerado pela pulsão do Ego e a pulsão Sexual, de agora em diante, passa a entender o sujeito como marcado pelo conflito entre a pulsão de Morte e a pulsão de Vida.

Bibliografia:
FREUD, Sigmund, Além do Princípio do Prazer, 1920, Obras Completas de Sigmund Freud – Vol. XVIII, Rio de Janeiro: Imago, 1980.
______________, Mal-estar na Civilização, 1927, Obras Completas de Sigmund Freud – Vol. XVIII, Rio de Janeiro: Imago, 1980.

 

Sexto Módulo
A Interpretação: Ainda é possível interpretar?

Data: 08 e 09 de julho de 2022

Ementa: A interpretação é uma peça fundamental da operação analítica pelo menos desde a Die Traumdeutung. Passando pelos chistes, pelas parapraxias e pelos sintomas histéricos; a psicanálise tomou daí a base de ação da primeira clínica freudiana. Nossa pergunta, que servirá de norte para esse módulo, é se tendo sido ela realizada até a exaustão, isto é, tendo cumprido seu papel no programático Wo Es war soll Ich werden, restaria alguma coisa que o psicanalista ainda pudesse fazer por aquele que escolheu corajosamente deitar-se num divã? De outro modo, haveria um mais além das formações do inconsciente que necessitasse do analista alguma presença final e assim, desse ponto em diante, pudesse ajudar seu analisante a desinterpretar?

Bibliografia:
LACAN, Jacques. Os Nomes do Pai/Os Não-Tolos Erram. Porto Alegre: Editora Fi, 2016.
LACAN, Jacques. O Sinthoma. Seminário – Livro 23, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
LACAN, Jacques. L’insu que sait de l’Une-bévue s’aile à mourre
https://lacanempdf.blogspot.com/2019/06/seminario-24-portugues-linsu-que-sait.html

 

Sétimo Módulo
As estruturas Clínicas na teoria freudiana

Data: 19 e 20 de agosto de 2022

Ementa: Freud não utilizou com frequência o termo estrutura e nem mencionou a expressão estruturas clínicas. Contudo, estas formulações estão implícitas em sua obra desde os seus primórdios, no que tange à importância do diagnóstico diferencial para a condução do trabalho analítico. Para trabalhar este tema, faremos uma breve contextualização acerca da regressão e da fixação da libido nas fases do desenvolvimento psicossexual estabelecida por Freud, salientando os complexos de Édipo e castração como pontos primordiais para o entendimento das diferenças entre a neuroses, psicoses e perversão.

Bibliografia:
FREUD, Sigmund, Sobre o Início do Tratamento – 1913, in: Fundamento da Clínica Psicanalítica, Obras Incompletas de Freud, Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.
______________, Construções em Análise – 1937, in: Fundamento da Clínica Psicanalítica, Obras Incompletas de Freud, Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

 

Oitavo Módulo

As estruturas Clínicas na Psicanálise de Lacan

Data: 16 e 17 de setembro de 2022

Ementa: Na clínica psicanalítica, a única técnica de investigação reconhecida é a escuta. É no dizer, mais do que no dito, que algo da estrutura do sujeito é localizável. Portanto, o diagnóstico só pode ser buscado no registro simbólico, por meio dos três modos de negação do Nome-do-Pai. As estruturas clínicas se constituem pelo modo de negação e o retorno de cada uma: No recalque o que é negado no simbólico retorna como sintoma neurótico. No desmentido, o que é negado retorna como fetiche do perverso e, na psicose, o que é negado (foraclusão) no simbólico retorna no real sob a forma de alucinação.

Bibliografia:
LACAN, Jacques, A direção do tratamento e os princípios de seu poder, in: Escritos, Rio de Janeiro: Zahar, 1988.
LACAN, Jacques, as formações do inconsciente, Seminário – livro 5, Rio de Janeiro: Zahar, 1999.

 

Nono Módulo
Os três registros psíquicos – RSI

Data: 21 e 22 de outubro de 2022

Ementa: A tripartição estrutural real-simbólico-imaginário (RSI), estabelecida por Lacan em 1953, durante a conferência pronunciada na fundação da Sociedade Francesa de Psicanálise, foi objeto de contínua investigação ao longo de todos os seus Seminários. Cada um desses três registros constitui-se de fato em categoria na medida em que encontrou seu fundamento na estrutura originária do aparelho psíquico: o imaginário na organização do estádio do espelho, o simbólico na cadeia significante e o real na impossibilidade lógica da relação sexual.

Bibliografia:
LACAN, Jacques, “O simbólico, o imaginário e o real”. In: Nomes-do-Pai. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.
______________, O estádio do espelho como formador da função do eu”. In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.

 

Décimo módulo

Casos Clínicos:
Dora e o Homem dos Ratos

Data: 18 e 19 de novembro de 2022

Ementa: Assim como a beleza só é acessível pelo exemplo, segundo Kant, alguns conceitos psicanalíticos só são realmente compreendidos pelo estudo de um caso clínico. Mesmo antevendo a distância inexequível entre a fala do analisando e a escrita do caso, é através dessa narrativa que o estudo teórico mais se aproxima da prática clínica. Além dessa função didática, podemos observar tanto em Freud como em Lacan, que, algumas vezes, um caso ultrapassa seu papel de ilustração, tornando-se, em si mesmo, gerador de conceitos. Neste módulo, propomos uma leitura atenta de dois casos paradigmáticos da clínica psicanalítica.

Bibliografia:
FREUD, Sigmund, Fragmento de análise de um caso de histeria, Obras Completas de Sigmund Freud. Vol. VII, Rio de Janeiro: Imago, 1980.
________________, Notas sobre um caso de neurose obsessiva (O Homem dos Ratos). Obras Completas de Sigmund Freud, Vol. X, Rio de Janeiro: Imago, 1980
LACAN, Jacques, Seminário livro 5, As formações do Inconsciente, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.

 

Décimo Primeiro Módulo
A Fantasia e suas vicissitudes

Data: 09 e 10 de dezembro de 2022

Ementa: A descoberta de que vivemos sob influência de fantasias inconscientes, a cada momento de nossas vidas, é eminentemente psicanalítica. De Freud a Lacan, a psicanálise demonstra que a realidade dita objetiva não é exatamente comum para todos os falantes: cada qual estabelece uma relação com o mundo por meio de fantasias particulares. Foi Freud (1905/2006) quem percebeu, após o abandono da teoria da sedução, que fantasias inconscientes de caráter sexual estavam na base das neuroses de suas pacientes histéricas. Assim, se ele começa sua trajetória marcado pela preocupação de relacionar a etiologia das neuroses a fatos da realidade material, gradualmente direcionará sua atenção à importância da realidade psíquica, sob as coordenadas do desejo e da fantasia. Esse redirecionamento é um dos marcos do advento de sua invenção, pois não há clínica psicanalítica sem o autêntico interesse no desvelamento das fantasias inconscientes. Propomos, neste módulo, trabalhar os desenvolvimentos freudianos sobre a fantasia em interlocução constante com outros conceitos-chave de sua clínica, com ênfase para o Édipo, o estranho (das unheimlich) e a castração, e em diálogo constante com o campo das artes (literatura, artes plásticas, cinema) – as quais iluminam a psicanálise muito antes de serem iluminadas por ela.

Bibliografia:
Freud, Sigmund, Inibições, sintomas e ansiedade (1926). Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. (Vol.20). Rio de Janeiro: Imago, 1996.
_______________, Escritores criativos e devaneios (1908). Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud. (Vol.9). Rio de Janeiro: Imago, 2006.
JORGE, M.A.C., Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan: a clínica da fantasia. (vol.2) Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
LACAN, Jacques, Seminário livro 6, O desejo e sua interpretação, Rio de Janeiro: Zahar, 2016.

 

Décimo Segundo Módulo

Do Trabalho de Transferência a Transferência de Trabalho

Data: 10 e 11 de fevereiro de 2023

Ementa: A transferência é um dos conceitos fundamentais da clínica psicanalítica. Freud inicia seu texto de 1915 – Observações sobre o amor transferencial – chamando atenção para a importância do manejo da transferência na prática clínica. Diz Freud: “Cada iniciante na Psicanálise por certo teme, de início, as dificuldades que lhe apresentarão a interpretação daquilo que ocorre ao paciente e a tarefa da reprodução do recalcado. Mas logo ele dará importância menor a essas dificuldades, trocando-as pela convicção de que as únicas dificuldades realmente sérias são encontradas no manejo da transferência.”

Bibliografia:
FREUD, Sigmund, Observações sobre o amor transferencial, 1915, Obras Incompletas de Sigmund Freud, Ed Autêntica, 2017
LACAN, Jacques, Seminário – livro 11, os quatros conceitos da psicanálise, Jorge Zahar Editor, 1988.

 

Décimo Terceiro Módulo
A Topologia Lacaniana e suas implicações Clínicas

Data: 10 e 11 Março 2023
Ementa: Introdução a Topologia lacaniana, figuras e estruturas topológicas (Banda de Moebius, Garrafa de Klein, Toro, CrossCap, Cadeias Borromeanas), as implicações da topologia na clínica psicanalítica (Direção da Cura, Psicodiagnósticos, Fim da Análise), os vários tempos em Lacan.
Bibliografia:
DARMON, Marc., Ensaios sobre a Topologia Lacaniana. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.
GRANON-LAFONT, Jeanne, A Topologia de Jacques Lacan, Rio de Janeiro: Zahar, 1995.
LACAN, Jacques, A Identificação, Seminário 1961-1962, Porto Alegre: APOA, 2000.
_______________, Problemas Crucias para a Psicanálise, Seminário 1964-1965, Porto Alegre: APOA, 2002.
_______________, Os Não-Tolos Erram/Os nomes do Pai: Seminário 1973-1974, São Paulo: KDP, 2019.

 

Décimo Quarto Módulo
A Pulsão Escópica e a Pulsão Invocante

Data: 28 e 29 de abril de 2023

Ementa: A voz como um excedente real do Outro. O silêncio estruturante e o Ponto Surdo: recalcamento originário. O retorno do circuito da invocação. A música e a Lalangue. O paradoxo do desejo em Don Giovanni. O olhar do Outro e o resto: a Pulsão Escópica. Lacan leitor de Merleau-Ponty.

Bibliografia:
LACAN, Jacques, O seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1963-64). Rio de Janeiro: Zahar, 1988.
MERLEAU-PONTY, Maurice. O visível e o invisível. São Paulo. Perspectiva, 1978.

 

Décimo Quinto Módulo
Angústia e Desejo: travessia da fantasia na clínica lacaniana

Data: 19 e 20 Maio 2023

Ementa: Lacan se inspira, inicialmente, no artigo freudiano Uma criança é espancada (1919) para desenvolver suas concepções sobre a fantasia. Ele demonstra, ao longo de sua obra, que a fantasia é determinada pelo registro simbólico, embora seja percebida subjetivamente como sendo de ordem imaginária. A partir de O seminário, livro 6 (1958-59/2016), Lacan começa a elaborar sua concepção de fantasia fundamental, a qual indica, na neurose e na perversão, o ponto mais sintético de gozo de um sujeito. Para o psicanalista francês, a função primordial da fantasia é constituir um véu ou tela, em todo caso, algo que protege e media o contato do sujeito com a falta no campo do Outro, falta essa posicionada no registro do real. A fantasia, por conseguinte, é uma proteção contra o real da sexualidade que deve ser reconstruída em análise para, em seguida, ser atravessada. Nesse raciocínio, a psicanálise permite uma travessia da fantasia em direção à verdade da inconsistência do Outro, travessia que é, igualmente, aquela que o sujeito faz da angústia para chegar ao desejo. Neste módulo, trabalharemos os avanços lacanianos em relação ao conceito de fantasia por meio da articulação com a clínica da angústia, com sua releitura do Édipo e da castração e com os dilemas da alienação e separação. Mais uma vez, o diálogo com campos das artes será, igualmente, convocado. Por fim, caberá o profícuo questionamento: seria a psicanálise uma experiência de despertar do âmbito do sentido, para além do sentido fixo dos sintomas e do “sonhar acordado” característico do fantasiar?

Bibliografia:
FREUD, Sigmund, Delírios e Sonhos na “Gradiva” de Jensen, In: Obras Completas de Sigmund Freud. Vol. VII, Rio de Janeiro: Imago, 1980.
LACAN, Jacques. O seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1963-64). Rio de Janeiro: Zahar, 1988.
_______________. O seminário, livro 10: a angústia (1962-63). Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
_______________. O seminário, livro 6: o desejo e sua interpretação (1958-59). Rio de Janeiro: Zahar, 2016.

 

Décimo Sexto Módulo
A repetição em Freud e Lacan

Data: 16 e 17 de junho de 2023

Ementa: Desenvolver o conceito psicanalítico de repetição, tanto em sua dimensão teórica, quanto clínica. Freud relacionou o conceito de repetição aos conceitos de recordação, resistência, transferência e atuação. Lacan, no Seminário XI, indica o caráter fundamental deste conceito na prática clínica, e sua relação com os conceitos de Tiquê, Autômaton, objeto “a” e cadeia significante.

Bibliografia:
FREUD, Sigmund, Recordar, Repetir e Elaborar – Novas recomendações sobre a técnica psicanalítica, 1914, Obras Completas, V. XII, Rio de Janeiro: Imago, 1980.
LACAN, Jacques, Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, Seminário – livro XI,
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1988.

 

Décimo Sétimo Módulo
Os quatro discursos

Data: 14 e 15 de julho de 2023

Ementa: No Seminário XVII – O avesso da psicanálise, ministrado entre em 1969/ 1970, Lacan (1969/70, p. 11) propõe uma formalização do que passou a chamar de “campo do gozo”, entendendo-se por tal uma pragmática social organizada na forma de “discursos”. Enquanto modo de gozo, cada discurso é um laço social em que podemos verificar uma forma de dominação, a dominação que um agente tenta impor a outro. Razão pela qual, em cada discurso deveríamos poder reconhecer dois polos distintos: o polo dominante (que é aquele em que, a partir da impossibilidade de se nivelar à verdade sobre si, o agente ordena ao outro uma produção) e o dominado (em que o outro opera a produção ordenada pelo agente). Lacan distingue entre quatro tipos fundamentais de discurso: a) o discurso do mestre, em que o agente tenta governar ao outro, fazendo deste um escravo; b) o discurso histérico, em que o agente faz desejar ao outro, fazendo deste um mestre; c) o discurso universitário, em que o agente tenta educar o outro, fazendo dele um objeto; d) e o discurso do analista, que é o único em que o agente toma ao outro como sujeito, ordenando a este que possa significar para si mesmo o gozo que, enquanto sujeito, possa produzir.

Bibliografia:
LACAN, Jacques, 1966. Éscrits. Paris: Seuil. Trad. Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1966.
_______________, 1969/70. O Seminário. Livro 17, O avesso da psicanálise. Texto estabelecido por Ari Roitman. Rio de Janeiro, Zahar, 1992.

 

Décimo Oitavo Módulo
Singularidades da Escuta do Adolescente

Data: 11 e 12 de agosto de 2023

Ementa: Frequentemente, o adolescente chega ao consultório a partir da demanda de um adulto: os pais, os avós, ou os professores. São estes que trazem uma queixa, uma configuração sintomática que os angustia. Para que possa ocorrer uma análise é preciso que o adolescente consiga formular uma questão própria que pode ou não coincidir com a queixa dos pais. Por conseguinte, o analista escuta o adolescente, pois é ele o sujeito em análise, mas nem por isso deixa de estar atento à fala dos pais. Escutá-los faz parte do manejo da transferência, na sustentação do trabalho analítico. A partir disso, este módulo iniciará com uma compreensão acerca da adolescência na visão freudiana para, então, adentrar em uma discussão sobre o contexto de oferta generalizada de gozo em que o jovem está inserido nos dias atuais e como isto afeta o manejo na clínica psicanalítica com adolescentes.

Bibliografia:
BAUMAN, Z., Modernidade Líquida, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
BRIMAN, J., Mal-estar na atualidade: A psicanálise e as novas formas de subjetivação, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.
CALLIGARES, C. A Adolescência, São Paulo: Publifolha, 2000.
FREUD, Sigmund, Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade. In: ____. Ed. Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, Rio de Janeiro: Imago, v. VII, 1905 [1996], p. 117-297.
________________, Algumas Reflexões Sobre a Psicologia Escolar. In: ____. Ed. Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, Rio de Janeiro: Imago, v. XIII, 1914 [1996], p. 281-288.
________________, A Vida Sexual dos Seres Humanos… In: ____. Ed. Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas, Rio de Janeiro: Imago, v. XVI, 1916 [1996], p. 309-321.
NASIO, J.D. Como agir com um adolescente difícil? Um para pais e profissionais, Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2005.

 

Décimo Nono Módulo
A escuta na psicose

Data: 01 e 02 de setembro de 2023

Ementa: Conforme Calligaris (1989, p. 9), a clínica psicanalítica difere da psiquiátrica por não se pautar, como esta última, na constatação da presença ou ausência dos fenômenos elementares da crise psicótica: alucinações, delírios dissociativos, persecutórios… A clínica psicanalítica é uma clínica estrutural, o que significa dizer: ela se orienta pelas estruturas que se deixam reconhecer a partir do lugar que o discurso do paciente reserva ao analista. De toda sorte, é em função dessa forma de compreender a clínica – como uma estrutura discursiva em que o analista é convidado a assumir um lugar – que a psicanálise pode falar, por exemplo, de psicoses mesmo na ausência dos fenômenos catalogados como manifestações psicóticas. Isso porque, conforme Calligaris, a psicanálise reconhece haver uma estrutura psicótica, uma forma de ligação entre o analista e o analisando, a qual não necessariamente desemboca numa crise psicótica e, por conseguinte, nas manifestações comportamentais exaustivamente descritas pela psiquiatria. Há, para a psicanálise, uma psicose fora da crise. Há uma estrutura psicótica. Mas o que devemos entender por “estrutura psicótica”?

Bibliografia:
LACAN, Jacques. 1932. Da psicose paranóica e suas relações com a personalidade. Trad. A.
_______________, 1955-6 O Seminário. Livro 3: As Psicoses. Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller, Trad. M. D. Magno. 2.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
QUINET, Antonio, Psicose e Laço Social, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.

 

Vigésimo Módulo
A perversão no divã

Data: 20 e 21 de outubro de 2023

Ementa: Conforme Freud, 1905, “as perversões não são bestialidades nem degenerações no sentido patético dessas palavras. São o desenvolvimento de germes contidos, em sua totalidade, na disposição sexual indiferenciada da criança… Todos os neuróticos são pessoas de inclinações perversas fortemente acentuadas, mas recalcadas e tornadas inconscientes no curso de seu desenvolvimento. Por isso suas fantasias inconscientes exibem um conteúdo idêntico ao das ações documentadas nos perversos.”

Bibliografia:
FREUD, Sigmund, “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, Obras Completas de Sigmund
Freud, Vol. VII, Rio de Janeiro: Imago, 1989.
_____, “Fetichismo”, Obras Completas de Sigmund Freud, Vol. VII, Rio de Janeiro:
Imago, 1989.
DOR, Joël, Estrutura e perversões, Porto Alegre, Artes Médicas, 1991

 

Vigésimo Primeiro Módulo
Caso Clínico:
Análise de uma fobia em um menino de cinco anos

Data: 10 e 11 de novembro de 2023

Ementa: Em 1909, Freud publicou “Análise de uma fobia em um menino de cinco anos”, o clássico caso do pequeno Hans. Na época de sua publicação, a história do garotinho analisado através de uma dubla escuta – o pai e o psicanalista – provoca grande burburinho e levanta muitas questões. Pouco tempo depois, o caso Hans torna-se um precursor da psicanálise infantil, tornando-se a pedra fundamental dos trabalhos de Melanie Klein e Ana Freud, entre outros. Debruçados sobre esse material, ao mesmo tempo clínico e histórico, nosso objetivo é sublinhar os diversos movimentos conceitos que o referido caso proporcionou a Freud: histeria de angústia, complexo de Édipo, identificação, recalque, transferência e sublimação.

Bibliografia:
FREUD, Sigmund, Análise de uma fobia em um menino de cinco anos – 1909, Obras Completas de Sigmund Freud, Vol. X, Rio de Janeiro: Imago, 1989.
_______________, A organização genital infantil: uma interpolação na teoria da sexualidade – 1923, Obras Completas de Sigmund Freud, Vol. XIX, Rio de Janeiro: Imago, 1989.
LACAN, Jacques, “A Estrutura dos Mitos na Observação da Fobia do Pequeno Hans”, in: Seminário livro 4, a relação de objeto, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1995.

 

Vigésimo Segundo Módulo
A elaboração de casos clínicos

Data: 08 e 09 de dezembro de 2023

Ementa: No campo da prática psicanalítica, o relato de casos clínicos é abalizado como uma ferramenta para a elaboração teórica da experiência de escuta. Além de se oferecer como um trabalho voltado para a transmissão da psicanálise, antes de tudo, consiste num trabalho fundamental no dia a dia da prática clínica, para orientar o analista na direção da cura, através de uma constante formalização do material bruto dos pacientes em casos clínicos.

Bibliografia:
DUNKER, Christian, RAMIREZ, Heloísa, ASSADI, Tatiana de Carvalho, Orgs., A construção de casos clínicos em psicanálise – método clínico e formalização discursiva, São Paulo: Annablume, 2017.
LACAN, Jacques, “A direção do tratamento e os princípios do seu poder”, Escritos, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1988.
MAZAN, Renato, Escrever a Clínica, São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998.

 

Vigésimo Terceiro Módulo
A clínica hoje: Os novos sintomas

Data: 01 e 02 de março de 2024

Ementa: O que é ou pode ser um sintoma? E ele se confunde ou pode se confundir com o sinthoma? E já que falei neles, que topologias são necessárias para desbaratá-los e/ou reorganizá-los? E como pensá-la, passando por suas superfícies e consistências numa clínica contemporânea? Aliás, existe uma clínica nos dias de hoje que efetivamente se diferencie da clínica, digamos, do início do século XX? Ou topologicamente e não historiograficamente estamos no mesmo passo de Freud? Trabalharemos, assim e nesse módulo, a garrafa de Klein, a banda de Moebius, o cross-cap, o toro e o nó borromeu em sua íntima relação com a clínica psicanalítica seja ela aquela de ontem ou essa de hoje e procuraremos extrair desse diálogo todas as consequências possíveis e impossíveis.

Bibliografia:
DARMON, Marc, Ensaio sobra a Topologia Lacaniana. Porto Alegre: Artemed, 1997.
DUFOUR, Dany-Robert, A arte de Reduzir as Cabeças – sobre a nova servidão da sociedade ultraliberal.
LACAN, Jacques, A Identificação. Porto Alegre: APOA, 2000.
LACAN, Jacques, … ou Pior. Recife: CEF, 2010.
MELMAN, Charles, Novas Formas Clínicas no Início do Terceiro Milênio, Porto Alegre: CMC Editora, 2003.
MELMAN, Charles, O Homem sem Gravidade, Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2008.

 

Vigésimo Quarto Módulo
Narcisismo e Gozo na vida contemporânea:
Novas produções de subjetividade

Data: 15 e 16 de março de 2024

Ementa: O que é o contemporâneo em psicanálise? Quais os instrumentos que dispomos para operar com a escuta dos sofrimentos que nos chegam diariamente: os casos limites, os distúrbios narcísicos, as patologias psicossomáticas, transtornos de humor (depressões), transtornos de ansiedade (fobias), transtornos alimentares (anorexia, bulimia), transtornos obsessivo-compulsivos e muitas outras patologias que nossos pacientes trazem ao consultório. Vivemos em uma época em que a norma fálica perdeu sua hegemonia ao ser apontada como apenas mais uma, entre outras soluções, que permite orientar os sujeitos em seus modos de gozo. Podemos apostar que os métodos clássicos – o princípio do silêncio e da neutralidade, a sessão curta, o corte, a interpretação como enigma – provoquem os mesmos efeitos? Ainda é possível apostar na suposição de saber no analista para o estabelecimento da transferência? Aproveitamos o último módulo do curso para abrir novas questões sobre a clínica, no intuito de esclarecer que o processo de formação do analista não se encerra em momento algum. É um processo em contínuo movimento que nos impõem o estudo e o diálogo constante dentro desse campo de saber.

Bibliografia:
GREEN, André e URRIBARRI, Do pensamento clínico ao paradigma contemporâneo – Diálogos, São Paulo: Blucher, 2019.
SOLER, Colette, A querela dos diagnósticos, São Paulo: Blucher, 2018
LOWEN, Alexander, Narcisismo, Negação do Verdadeiro Self, São Paulo: Editora Cultrix, 1991.
NASIO, J.-D., Sim, a psicanálise Cura, 1a. Ed., Rio de Janeiro: Zahar, 2019.
SOLER, Colette, Um outro Narcisismo: Seminário 2016-2017, São Paulo: Aller, 2021.

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