Descrição
Módulo 1 – (O) Curso Livre (da) Formação: Discursos e Dizeres da Clínica Psicanalítica
Primeiro Módulo: 05/10/2019
Com: Professor Dr. Alberto Heller
Klinikós, Therapeutris, Clinamen
(etimologia e sentido ético das práticas de escuta no ocidente)
Ementa: O que significa “clínica” para a psicanálise? Uma forma de se responder essa questão é por meio do recurso etimológico, que distingue entre ao menos três modos distintos de se formular a noção de clínica. O primeiro tem que ver com prática dogmática de aplicação de um saber (ou Pharmacon), como é o caso da clínica médica (Klinikós) e de todos os discursos científicos, pensados a partir de Hipócrates. Num segundo sentido, clínica tem que ver com as práticas de sugestão alavancadas por metas ou ideias, como costuma acontecer nas terapias, tal como estas foram originalmente concebidas por Alexandre de Filón, no século I d.C e ampliadas, no século XX, com a incorporação de narrativas psicológicas. Ambos os sentidos distinguem-se de um terceiro, ao qual o próprio Freud recorre e que tem que ver com o estilo crítico dos clínicos gregos que, ao operarem a parresia (ou dito verdadeiro sobre aquilo que se oculta na vida civilizada), provocam um desvio (parênklises) na forma como a cidade vê a si própria, apontando para a presença daquilo que, no século I a.C, o epicurista Lucrécio denominara de elemento desviante (clinamen).
Bibliografia:
FREUD, Sigmund, Sobre a Psicoterapia, 1905, Obras Completas de Freud, Vl. XVIII, Rio de Janeiro: Imago, 1980.
MÜLLER-GRANZOTTO, Marcos José, Sentido ético, político e antropológico da teoria do self, São Paulo: Summus, 2012
Sobre (O) Curso Livre (da) Formação: Discursos e Dizeres da Clínica Psicanalítica
Três são os elementos básicos que compõem uma trajetória de formação em psicanálise: análise, teoria e supervisão. O primeiro é o mais importante e o único estritamente singular, em que, a partir da escolha do analista e de sua desconstrução, alcançamos o “lugar do analista”. Não se trata de um lugar de saber, mas de uma habilidade para escutar que sempre exige a desconstrução da própria escuta, do que nela pudesse haver de normativo.
Em psicanálise, a teoria está a serviço da desconstrução da norma. O que sempre exigirá a supervisão, a crítica acerca dos limites éticos em minha prática. Afinal, em favor de quem opera minha escuta: de uma escola ou de um dizer singular?
Vamos debater a Psicanálise, tal como ela está sendo pensada e praticada por profissionais independentes, os quais, por sua trajetória clínica e docente, tornaram-se referência mais-além das instituições pelas quais passaram.
Não é exigida formação por parte do participante. O curso emite certificado após a participação de, no mínimo, 18 módulos.
DINÂMICA
A atividade consiste numa formação clínica, na qual profissionais convidados na condição de analistas docentes irão debater, com os participantes, os discursos e dizeres que compõem “(O) Curso Livre (da) Formação” clínica dos psicanalistas.
No total, serão 23 módulos mensais de sete horas, aos sábados, perfazendo um total de 161 horas. A sequência dos módulos foi minuciosamente definida pela coordenação para que os participantes tenham 100% de aproveitamento do curso livre.
OBJETIVO
Atividade voltada para quem busca experiência clínica. Ao final do curso completo, os participantes estarão aptos ao reconhecimento dos principais conceitos clínicos vigentes nas práticas de escuta analítica e de construção de casos clínicos de orientação psicanalítica.
DOCENTES
Professor Doutor: Alberto Heller
É Gestalt-terapeuta e músico (pianista, maestro e compositor). Sua prática e seus estudos sempre privilegiaram a interdisciplinaridade, especialmente nas áreas de arte, psicoterapia e filosofia. Realizou seus estudos musicais na Alemanha e formação em Gestalt-Terapia no Brasil, além de mestrado em Educação e doutorado em Literatura. É autor dos livros Fenomenologia da Expressão Musical (2007) e John Cage e a poética do silêncio (2012), ambos publicados pela Editora Letras Contemporâneas. É membro da Academia Catarinense de Letras e Artes. Reside em Florianópolis desde 2000.
Coordenação: Maria Holthausen
Psicanalista, doutora em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), professora e coordenadora de pós-graduação em Psicologia Organizacional, pesquisadora do Núcleo de Investigações Metafísicas na área de Psicanálise e Arte, e criadora do Grupo de Estudos em Arte, Filosofia e Psicanálise (http://psicanaliselacaniana.blogspot.com/).